sexta-feira, 17 de julho de 2009

cursos, cursos... até quando?

Noticia no jornal Folha de São Paulo diz da baixa procura dos professores em serviço pelos cursos de formação continuada oferecidos pelo MEC.
Surpresa? É claro que não. Antes de oferecer esses cursos é preciso saber o que querem e o que precisam os professores que estão nas salas de aula das escolas espalhadas por esse país. A baixa procura de que fala a reportagem pode ser entendida como uma resposta dos professores para esses cursos que, em grande parte, são planejados dentro dos gabinetes.
Cursos, cursos.... será que não há um outro modelo de atuação para dar suporte ao trabalho do professor na escola?

veja a notíca...

São Paulo, 17 de julho de 2009

JORNAIS

Folha de S.Paulo

Editoriais
Baixa procura
Pouca adesão inicial a programa do MEC para formar professor indica necessidade de mobilizar as três esferas federativas

A NECESSIDADE de melhorar a formação dos professores brasileiros é consenso no debate sobre estratégias para avançar na qualidade do ensino. A fim de atender a essa demanda, o MEC (Ministério da Educação) preparou um plano para ofertar 330 mil vagas até 2015 em cursos para docentes de escolas públicas. O objetivo é chegar àqueles que ainda não têm nível superior ou que não fizeram licenciatura na disciplina específica em que dão aulas.


O plano parecia perfeito no papel, mas uma reportagem do jornal carioca "O Globo" acaba de mostrar que há indícios preocupantes de desinteresse, por parte dos próprios profissionais, em melhorar sua formação.Dezesseis dias após o anúncio do plano -e a 15 do prazo final de inscrição-, apenas 5.794 profissionais haviam feito inscrição para as 52.894 vagas, o que dá um percentual de 11%. Em Estados mais pobres e com indicadores educacionais piores, a situação é ainda mais inquietante: Piauí, Maranhão e Bahia tiveram, até agora, menos de 4% de inscritos em relação às vagas oferecidas.
A baixa procura levou o MEC a lançar uma campanha para informar aos professores a possibilidade de, gratuitamente, complementar sua formação em períodos nos quais não estejam em aula. A preocupação se justifica, especialmente quando se recorda da desastrosa iniciativa do governo federal de erradicar o analfabetismo adulto.


O presidente Lula iniciou seu primeiro mandato com a promessa de acabar com o analfabetismo num prazo de quatro anos. Montou um plano ambicioso para alfabetizar 20 milhões de brasileiros. O próprio Lula chegou a dizer, no lançamento do programa, em 2003, que o desafio era "menos de dinheiro" e "mais de disposição política".Os resultados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, mostram que não se chegou nem perto disso. De 2002 a 2006, a queda no número de analfabetos foi irrisória, de 14,8 milhões para 14 milhões. O último dado disponível, de 2007, mostra que o país ainda tem 10% de sua população adulta sem saber ler ou escrever um bilhete simples.


Um dos motivos para esse fracasso pode ser pesquisado na própria Pnad: o percentual de analfabetos que diziam frequentar escola ou curso de alfabetização nunca superou 4% na série histórica da pesquisa. Em resumo, montou-se um plano que parecia bem elaborado nos gabinetes da burocracia de Brasília, mas que foi por água abaixo por falta de demanda.
Ainda há tempo para prevenir que o mesmo ocorra com a formação de professores. Para isso, será necessário maior empenho não apenas do Ministério da Educação, mas, também, de Estados e municípios. Eles terão que dar estímulos concretos para incentivar seus docentes a melhorarem sua capacitação e conciliarem a iniciativa com as atividades em sala de aula.